Criatividade e história na música cristã brasileira
Por Lucas Meloni
21/11/2022, às 09h15 | Conteúdo atualizado em 21/11/2022, às 09h02
Não é à toa que Renato Marinoni, fundador do Instituto de Adoração, Cultura e Arte (IACA), e apresentador do #Adoração, da Rádio Trans Mundial, tornou-se uma das grandes referências no país quando o assunto é música cristã. Ele vivencia a cultura e a adoração em muitos aspectos. Marinoni, que é pastor da Igreja Batista Metrópole (IBMetro), escreveu dois livros e leciona várias disciplinas sobre o assunto há 15 anos. Nesta entrevista, ele fala a respeito de criatividade, worship (gênero discriminado por alguns) e sobre quais artistas não podem faltar em uma playlist. Confira.
A internet abriu espaço para que muitos músicos pudessem surgir. O que mais tem chamado sua atenção nesta geração da música cristã?
A internet democratizou o privilégio de poder “ser ouvido” através de plataformas e streaming que têm conexão direta com o produtor de conteúdo. Acho que neste sentido nos tornamos mais plurais. Temos acesso a estilos mais diferentes que não são necessariamente “vendáveis”. E a possibilidade de descobrir novas coisas. Isso não significa que aconteça. Mesmo com essa possibilidade, muitas vezes ouvimos sempre as mesmas coisas.
É cada vez mais comum ouvir clássicos da música cristã em nova roupagem (com nova melodia, em estilos diferentes, etc). Isso pode ser interpretado como criatividade ou falta de criatividade?
Acho que não é falta de criatividade. Não no caso de músicos cristãos no Brasil, porque quem tem gravado esses clássicos, na maioria também tem uma boa obra autoral. Acho importante esse resgate para mostrar a nossa história para as novas gerações.
Worship é um estilo que parece ter vindo para ficar – ou pelo menos marcar uma geração. Quais são as contribuições do gênero? Como produzir algo neste gênero fugindo daquele senso comum de que música worship é apenas repetição?
Worship reflete o estilo musical da cena pop no mundo todo. Mesmo dentro do estilo, que é marcado por simplicidade musical, é possível fazer coisas mais elaboradas, tanto em termos de melodia, como de letra e de arranjo. O grande desafio dos compositores e arranjadores é sair da mesmice e produzir algo que seja marcante, ainda que dentro do estilo.
Na sua opinião, quais são as épocas mais marcantes da música cristã brasileira?
Difícil responder assim, sem aprofundar muito. Tivemos uma geração de ouro no final dos anos 1970 e início da década de 1980 em Vencedores por Cristo e todo o pessoal que vejo junto, inclusive Elo/Logos. Música brasileira cristã de qualidade. Depois, no início da década de 1990, com o surgimento do movimento gospel e as bandas de rock, e as músicas evangelísticas. Acho que foi um momento de muito impacto em nossa história. E destacaria o movimento de louvor comunitário, começado nos anos 1980 com Adhemar de Campos e Asaph Borba e que atinge o auge no início dos anos 2000, com o Diante do Trono. Mudou a linguagem do louvor das igrejas locais também.
Quais músicas (ou artistas) que você indicaria para as playlists de nossos leitores (alguns recém-convertidos e outros já com um tempo de caminhada cristã)?
Eu indico ouvir gente criativa e que tem feito coisas interessantes, em diversos estilos. Ouçam Eli Soares, Baruk, Rachel Novaes, Gabriel Guedes, Júlia Vitória, Nívea Soares, entre tantos outros.
Conteúdo publicado originalmente na Revista Trans Mundial nº 8 (1º semestre de 2021)