Síria: Missão Portas Abertas alerta para realidade dos cristãos no país
Por Lucas Meloni
18/12/2024, às 13h15 | Conteúdo atualizado em 18/12/2024, às 13h11
A Missão Portas Abertas, que trabalha com cristãos que vivem em contexto de perseguição, fez um alerta em relação aos cristãos sírios. O país vive uma crise política por conta do ataque de uma coalizão rebelde que tirou do poder o regime de Bashar al-Assad. Segundo a organização, o clima é um misto de esperança e de cautela.
Eles parecem alimentar uma esperança frágil para o futuro em meio a anos de conflito, opressão e incerteza. Suas histórias mostram um povo que, após décadas de regime autoritário, está tanto liberto quanto preso, incapaz de se livrar do passado enquanto não tem certeza do que o amanhã reserva. "Percebemos agora a pressão em que estávamos. Agora podemos usar a palavra 'dólar', uma moeda estrangeira, sem medo. Estamos experimentando um novo senso de liberdade, algo que nunca conhecemos", disse um cristão sírio. Anteriormente, mencionar o nome de uma moeda estrangeira era suficiente para condenar alguém no regime de Assad. É uma mudança pequena, mas significativa para um povo acostumado à constante vigilância, no qual uma palavra ou pensamento casual poderia ser perigoso.
No entanto, essa nova liberdade vem com um custo. Para muitos, o futuro parece muito incerto e o risco muito alto. "A visão para o futuro é nebulosa. Estamos enfrentando dois extremos assustadores: o fundamentalismo islâmico de um lado e um perigoso vácuo de poder do outro. Nos últimos 50 anos, nós, como povo e como instituições, não fomos preparados para um país sem o regime de Assad ", disse outro cristão.
Há uma parte da população com menos de 50 anos que nunca viveu em um país sem um Assad no poder. O desafio agora não é apenas sobreviver, mas descobrir como reconstruir um país que foi deixado em pedaços no aspecto social, político e econômico. Alguns se adaptaram, mas o medo está lá.
Há um sentimento de cautela constante. "Fomos pegos de surpresa. Nos sentimos inseguros e não sabemos o que fazer. As coisas parecem calmas na superfície, mas levará tempo para realmente entender o que está acontecendo. Precisamos ser cautelosos, continuar monitorando e oferecer o nosso melhor", disse outro cristão, que descreveu a transição como acordar de uma anestesia apenas para encontrar uma realidade amarga.
Para alguns, essa abordagem cautelosa significa que monitorar as redes sociais para ver se há sinais de extremismo e mudanças políticas. Eles estão cuidadosamente observando os discursos que possam sugerir isso. Por outro lado, há reuniões entre líderes da oposição e representantes da igreja com promessas de segurança e inclusão para os cristãos da Síria. Mas muitos não estão dispostos a confiar totalmente nessas garantias. "Queremos acreditar neles, mas temos medo. Sentimos que os cristãos na Síria estão sendo usados como uma carta política para garantir um bom relacionamento com o Ocidente ", admitiu um cristão.
Ore pela Síria
Pelo controle dos conflitos;
Pela preservação de vidas;
Pelo levantamento de uma igreja forte no país
(Com informações de Portas Abertas)